Raymundo Andryws dos Santos Ferreira Pereira, 25, o “Rayzinho”
foi preso na manhã desta quarta-feira (9), em Manaus, como suspeito de
assassinar, a facadas, o pai de santo Rafael da Silva Medeiros, 28, em
3 de maio deste ano, no bairro Cidade Nova, na Zona Norte da capital. Na época,
havia suspeitas de que o crime teria sido motivado por intolerância religiosa.
“Rayzinho” foi preso em cumprimento de mandado
de prisão preventiva quando prestava depoimento na sede da Delegacia
Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), nesta manhã. À polícia, ele
confessou o crime e alegou legítima defesa, já que, segundo ele, Rafael havia
agredido e discutido com a mãe de “Rayzinho”, numa briga de vizinhos, horas
antes do crime.
O caso ocorreu no final de semana de 3 de
maio, na rua 93, Cidade Nova núcleo 11. Na época, testemunhas disseram que
Rafael tentava apartar uma briga entre duas vizinhas, que supostamente
mantinham um desentendimento por conta da escolha religiosa de cada uma. A mãe
de “Rayzinho” era evangélica e a outra vizinha, colega de Rafael, era de
religião de matriz africana.
“Rayzinho”
esfaqueou Rafael diversas vezes, na região do pescoço e nas costas. Em defesa,
ele disse que tentou proteger a mãe, já que, segundo ele, a vítima teria
entrado na casa dele, destruído objetos e ainda agredido fisicamente a mãe.
“Rayzinho” soube do desentendimento horas depois, e foi até a casa da vizinha,
amiga de Rafael, tirar satisfações, quando tudo aconteceu.
O delegado que coordenou a prisão de
“Rayzinho”, Paulo Martins, titular da DEHS, não confirmou se o assassinato de
Rafael tem motivações em intolerância religiosa. Segundo ele, em nenhum momento
da investigação e da colhida de provas, nem durante os depoimentos, foram
encontrados indícios de que o homicídio teria tal motivação.
Intolerância
Entretanto, não é o que defende o líder da
Articulação Amazônica dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Aratrama),
Alberto Jorge, entidade que defende os direitos de tal religião. “Existem
mensagens gravadas, depoimentos de testemunhas, como o da dona do terreiro, que
não foram levados em conta. Afirmo que há erros na condução do inquérito”,
disse.
“Os atenuantes do crime não foram levados em
conta. O delegado foi muito cortês e se dispôs a nos ouvir, mas ele mostrou
desconhecer a Lei 12.288 (Estatuto da Igualdade Racial). A prisão preventiva
não traz para povo de terreiro do Amazonas a resposta adequada. Nosso objetivo
é criar uma política de Estado para nos defender”, disse Alberto Jorge